Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)
- medstudresumos
- 3 de ago. de 2020
- 8 min de leitura
Atualizado: 5 de ago. de 2020

Definição
Dentre as condições neuropsiquiátricas que afetam um indivíduo durante a infância até a sua fase adulta podemos destacar o Transtorno de Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Essa condição está dentro de um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento, ou seja, o TDAH é um transtorno que tem início no período da infância.
Dentre as principais manifestações relativas ao TDAH podemos salientar a desatenção, hiperatividade, desordem e/ou impulsividade. A desordem e desatenção estão ligadas a incapacidade do indivíduo de continuar uma determinada função de forma compatível à sua idade. Já a hiperatividade e impulsividade está ligada a inquietação do paciente.
As etiologias do TDAH estão relacionadas com fatores genéticos, neuroquímicos, neurofisiológicos, neuroanatômicos, de desenvolvimento e psicossocial.
O TDAH não é um transtorno “moderno”, ou surgido apenas devido a vida moderna agitada. Outrossim, é uma patologia já descrita desde o século XVIII. Sabe-se assim que possui uma incidência bem variável a depender da idade. Observou-se porcentagens de 8% durante a pré-puberdade, 5% durante a adolescência e 2,5% da população adulta.
Sabe-se igualmente que ocorre uma prevalência bem maior nos meninos do que nas meninas (cerca de 5:1), estando bem associado com fatores genéticos, além do maior risco de desenvolver outros transtornos psiquiátricos futuramente (principalmente transtornos disruptivos e de humor).
Você pode querer brocar na tutoria afirmando que na metanálise cuja referência estará mais abaixo, foi feito um estudo que abrangeu mais de 170 mil jovens e crianças de até 18 anos, em mais de 100 países (de todos os continentes) e foi observado uma prevalência bem mediana de 5,29%. Trazendo assim a reflexão de que não é uma patologia influenciada pela cultura, religião ou afins.
Etiologia
O desenvolvimento do TDAH perpassa em sua maior porcentagem por fatores genéticos, sendo que é observado também os fatores alterantes, que vão desde fatores neuroquímicos, neurofisiológico, neuroanatômico, desenvolvimento e psicossocial.
Fatores genéticos:
Quando o arsenal genético relacionado ao TDAH é observado a ligação do alelo com sete repetições que interage com o receptor de dopamina (DRD4), ocasionando posteriormente modificações desse componente nas suas atuações metabólicas.
Com a contribuição da alteração genética é observado que indivíduos que possuem irmãos ou pais com esse transtorno, a próxima linhagem aumenta o dobro da chance de se obter também. Sendo assim, é importante salientar que esse transtorno acompanha o desadorno de aprendizagem, ansiedade, humor e principalmente de conduta.
Fatores neuroquímicos:
Relacionando o sistema neuroregulador do nosso organismo, existe dentro desse arsenal os neurotransmissores que são os mediadores principais dos impulsos nervosos, e que vão estar alterados com o TDAH instaurado.
Como esses compostos ficam alterados no nosso organismo?
Nosso sistema nervoso central e simpático periférico permeiam o sistema noradrenérgico. Um desses compostos vai ser a epinefrina, que quando está disfuncional em nosso organismo faz com que uma situação importante aconteça. Sendo ela: Acúmulo periférico de hormônio – Essa deposição faz com que o lócus cerúleos, que é um componente do SNC fique em rebaixamento e o transtorno, por conseguinte se desenvolva.
Fatores Neurofisiológicos:
Após estudos encefalográficos realizados em crianças e adolescentes portadores de TDAH, constatou-se um aumento da atividade na frequência teta, principalmente na região frontal desses pacientes, além do aumento na atividade beta. Dessa forma, após a realização desses estudos, constatou-se que crianças que possuem TDAH combinado com outros tipos do transtorno apresentaram atividade beta mais elevada, além de instabilidade no humor.
Aspectos Neuroanatômicos
Após estudos com esses pacientes, surgiram hipóteses relacionada à existência de redes cerebrais responsáveis pelos componentes da atenção e foco, correlação entre os córtex superior e temporal voltados à focalização da atenção, região parietal e estriatal externas com as atividades motoras executivas, hipocampo relacionado à memória e córtex pré-frontal variando de um estímulo para outro. Outras hipóteses relacionam também o envolvimento do tronco cefálico com a atenção sustentada.
Outros estudos, envolvendo a realização de exames de imagens específicos como ressonância magnética e tomografia computadorizada, indicaram que crianças com TDAH apresentam reduções volumétricas e de atividade na região pré-frontal (cingulado anterior, globo pálido, caudado, tálamo e cerebelo). Além disso, em adolescentes do sexo feminino com TDAH, constatou-se metabolismo baixo da glicose total, quando comparada ao grupo de garotos e garotas sem transtorno.
Além disso, outra teoria sugere que os lobos frontais de crianças portadoras de TDAH não inibem corretamente as estruturas cerebrais inferiores, levando assim à uma desinibição.
Fatores relacionados ao desenvolvimento.
O nascimento prematuro e infecções maternas no período gestacional tem mostrado importante relação com o aumento da incidência das taxas de TDAH.
Além disso, casos em que ocorra algum tipo de insulto ao cérebro no período perinatal, como infecções, inflamação ou trauma também podem ser fatores preditores para o surgimento de TDAH.
Em relatos da literatura, após analisar que no hemisfério norte, em setembro, houve maior incidência de crianças nascendo afetadas por TDAH, chegou-se a uma possível conclusão que a exposição pré-natal às infecção comuns no inverno durante o primeiro trimestre de gestação possa ser fator contribuidor para o surgimento de sintomas de TDAH em crianças mais suscetíveis.
Fatores psicossociais.
A correlação de uma maior incidência de TDAH também tem importante correlação com fatores como: abuso crônico grave, maus-tratos e negligência, falta de atenção e controle precário dos impulsos. Deve-se levar em consideração que os fatores predisponentes incluem também o temperamento das crianças e os fatores genéticos familiares
Quadro Clínico
Os sinais do TDAH são evidenciados na fase em que a criança começa a andar. Via de regra, são bebês agitados no berço, que tem dificuldades para dormir e choram bastante.
Quando chegam na fase escolar, são crianças sem paciência, com dificuldade de fazer atividades e provas, impulsivas e que são susceptíveis à acidentes, devido a sua agitação.
As principais manifestações do TDAH são:
Hiperatividade
Memória curta
Distração
Desatenção
Má concentração
Déficit de aprendizagem
Impulsividade
Incapacidade de terminar tarefas
Agressividade
É válido ressaltar que, o TDAH pode persistir até a fase adulta com uma prevalência de 1-6%.
Apesar de ser difícil diagnosticar o TDAH em adultos, devido à falta de uma lista sintomática, o médico pode levar em conta os seguintes fatores:
Baixa escolaridade
Empregos de “baixo status”
Desempregados
Comportamentos antissociais
entre outros
Diagnóstico
O diagnóstico do TDH é baseado em critérios.
O paciente deve possuir uma desatenção persistente e/ou hiperatividade que influencie no seu desenvolvimento. Sendo determinado por:
Desatenção: presença constante de seis ou mais sintomas por seis meses em um grau que não condiz com o padrão de desenvolvimento e influencia negativamente as atividades desenvolvidas pelo indivíduo, como:
Não estar atento aos detalhes ou realizar erros por falta de atenção nas atividades.
Apresentar dificuldade em atividades lúdicas ou manter a concentração.
Não perceber quando alguém lhe dirige a palavra.
Dificuldade de realizar instruções ou finalizar atividades.
Tem impedimento de programar tarefas.
Evita participar de atividades que necessitem de uma dedicação mental.
Periodicamente perde itens importantes para realizar atividades.
Se distrai facilmente por fatores externos.
Se liga! Indivíduos adolescentes mais velhos e adultos são necessários cinco sintomas.
Hiperatividade e impulsividade: presença de seis ou mais sintomas constantes por um periodo de seis meses em um grau que não condiz com o padrão de desenvolvimento e influencie de forma negativa as atividades desenvolvidas pelo indivíduo, como:
Balançar ou percutir mãos e pés de forma constante na cadeira.
Continuamente assume a posição em pé em vez de estar sentado em situações que exijam essa posição.
De forma inadequada corre ou sobe em objetos.
Não consegue realizar atividades recreativas de forma calma.
Periodicamente age de forma ativa, como se não parasse.
Fala de forma constante.
Com uma certa frequência dá uma resposta antes do questionamento ser finalizado.
Tem dificuldade de aguardar a sua vez.
Constantemente pode ser intrometido.
IMPORTANTE!
-O sintomas de desatenção e hiperatividade podem estar presente antes dos 12 anos.
-Os sintomas podem estar presentes em mais de dois ambientes como: escola, casa…
-Esses sintomas influenciam na atividade social, acadêmica e profissional do indivíduo.
*Deve-se especificar se o transtorno encontra se em:
Remissão parcial: o individuo tem todos oscriterios anteriores no passado mas não possui nos últimos 6 meses e os sintomas causam deficit no desempenho social, acadêmico ou profissional.
*Deve-se especificar a gravidade atual em:
Leve: Poucos sintomas que trazem um diminuto prejuízos nas atividades sociais ou profissionais.
Moderada: Presença de sintomas ou prejuízo funcional entre um grau “leve” e “grave” .
Grave: Presença de muitos sintomas ou de sintomas graves que causam prejuízo importante nas atividades sociais e profissionais.
Características diagnósticas
Na criança a hiperatividade pode se manifestar como um excesso de atividade em momento inoportuno, nos adultos se manifesta como inquietação ou exaustão de suas atividades. O TDAH se inicia na infância antes dos 12 anos e os sintomas variam de acordo com o ambiente. Os sintomas podem ser minimizados ou estar ausentes se o indivíduo ganhar recompensa pela presença de comportamento adequado.
Tratamento
O tratamento do TDAH é considerado multimodal e cada uma das abordagens incluídas tem seus objetivos particulares, focadas nos aspectos do transtorno e no quadro clínico, como os sintomas, padrões comportamentais, repercussões, comorbidades e prejuízos.
As abordagens devem ser implementadas de forma integrada, seguindo um plano de tratamento específico para cada paciente, levando em conta a adaptação, processo e cronicidade do TDAH
Uma das primeiras abordagens a ser implementada, deve ser a psicoeducação. Ela tem como objetivo garantir que o paciente e a família entendam o que é o TDAH; envolver tanto o paciente quanto a família no planejamento terapêutico para facilitar a adesão, além de identificar as potenciais barreiras para a implementação do tratamento.
ATENÇÃO!! uma das principais partes da psicoeducação é o envolvimento da escola no tratamento
Uma das formas mais naturais de tratar o TDAH é o controle da alimentação, evitando alimentos com mais corantes e açúcares ; estimulando atividade física e também a realização de atividades alternativas como acupuntura e meditação
As modalidades que vêm mostrando mais eficácia são a de terapia comportamental juntamente com o tratamento medicamentoso. A primeira é baseada na teoria do aprendizado e inclui os princípios de condicionamento e aprendizado social no qual devem envolver pais e professores ajudando a programar as contingências comportamentais tanto em casa, quanto na escola e nos ambientes de recreação.
ATENÇÃO!!
para um sucesso com essa terapia os pais precisam ter um ensinamento de técnicas comportamentais para ser usadas com seus filhos e principalmente muita orientação para aumentar a competência parental.
esse processo requer questões de crença, emoções e questões sociais também, porque dependendo do rendimento pode causar alguns sentimentos como incompetência, depressão e o isolamento social desses pais.
Já o tratamento farmacológico tem como objetivo a redução dos sintomas com uma duração de efeito consistente ao longo do dia. As medicações destinadas ao tratamento do TDAH podem ser divididas em medicações estimulantes e não estimulantes.
As medicações tidas como estimulantes atuam no sistema nervoso central, são a de primeira escolha, levando em conta a maior eficácia e poucos efeitos colaterais. Entre elas se destacam o metilfenidato , dexmetilfenidato, dextroanfetamina e sais mistos de anfetamina e lisdexamfetamina.
Apesar do nome todas essas drogas têm um efeito calmante nos pacientes de TDAH, e resultados muito positivos e não tardam a ser percebidos.
ATENÇÃO!!
os estimulantes são contraindicados para crianças, adolescentes e adultos com anormalidades e riscos cardíacos.
O Venvanse é um dos medicamentos mais utilizados, sua composição é de dimesilato de lisdexanfetamina. Ele é um pró-medicamento e é utilizado principalmente em crianças com mais de 6 anos. Como ele permanece inativo até o seu metabolismo tem uma menor probabilidade de risco de abuso ou de overdose no paciente.
Outro medicamento muito utilizado e muito conhecido é a Ritalina, medicamento derivado da metilfenidato, ele tem como principal objetivo ajudar na concentração e tranquilização do indivíduo.
Na prática os efeitos adversos são muito raros, o mais comum seria falta de apetite. Mas em relação aos efeitos colaterais estão listados a perda de peso, sintomas gastrointestinais, insônia, tontura e alguns tiques.
Os medicamentos não estimulantes incluem a atomoxetina, que é um inibidor da recaptação de norepinefrina.
ATENÇÃO!! esses medicamentos são mais delicados, a maioria vem com uma tarja preta na embalagem, ao contrário dos estimulantes. Essa tarja alerta sobre o aumento de potenciais dem pensamentos ou comportamentos suicidas, sendo de grande importância o monitoramento desses sintomas.
É importante ressaltar que, no brasil, somente o metilfenidato e lisdexanfetamina são utilizados para o tratamento do TDAH.

fonte: (SADOK,2017)

fonte: (SADOK,2017)
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